terça-feira, 9 de maio de 2023

Desafios perigosos na internet: Sociedade de Pediatria emite alerta para pais, médicos e educadores

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

Porém, muitas vezes, estimulam “comportamentos de risco e autoagressivos” que causam “risco à vida, à integridade física e psicológica e, em alguns casos, fatalidades ou danos irreversíveis”, ressalta a entidade em nota.

Recentemente, o caso do adolescente de 13 anos, morto após ingerir mais de 14 comprimidos de um antialérgico como parte de um desafio viral, repercutiu e chamou atenção para o cenário. Os desafios, no entanto, não são novos, mesmo que plataformas tenham diretrizes que em tese proíbem a veiculação de competições perigosas.

De acordo com um levantamento da Bloomberg Businessweek, do meio de 2021 até novembro de 2022, ao menos 15 crianças com 12 anos ou menos, e cinco adolescentes entre 13 e 14 anos, morreram envolvidas apenas no “desafio do apagão”, que envolvia induzir a si mesmo ao sufocamento por alguns segundos.

A SBP cita dados do Instituto Dimicuida sobre casos fatais no Brasil, cujo monitoramento apontou uma ocorrência de 50 óbitos ou ferimentos graves de crianças e adolescentes com idades entre 7 e 18 anos entre 2014 e novembro de 2022. Além disso, menciona um trabalho da pesquisadora Juliana Guilheri, ainda de 2017, que aponta que 60% daqueles entre 9 e 17 anos já experimentaram algum tipo de jogo de apneia; e 50% delas tentaram desmaio voluntário.

A sociedade destaca que, desde 2016, possui um grupo de trabalho destinado à Saúde na Era Digital, que produz documentos sobre os “ riscos do uso precoce, excessivo e prolongado de telas por crianças e adolescentes”. No mais recente, eles destacam que pesquisas observacionais em países como Estados Unidos, França e Brasil apontam alguns padrões nos desafios online.

São eles: práticas de sufocamento, asfixia ou apneia; práticas de autoagressão ou hétero-agressão; e ações como o uso de pílulas mágicas com teor desconhecido de pó branco ou colorido, jantares com detergentes como bebidas e pastilhas de sabão como refeição, engolir chips e bolinhas magnéticas, dangerous selfies (fotos em locais perigosos), dentre outros.

O que os pediatras recomendam?

O novo alerta da SBP destaca que a comunidade médica, especialmente os pediatras, devem se atualizar sobre orientações a respeito da prevenção dos riscos envolvidos no uso das redes sociais para passá-los durante as consultas. Além disso, apontam que essa maior informação deve ser disseminada entre educadores, psicólogos e profissionais da área de saúde mental que trabalham com os mais novos.



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