Olá,
vamos falar sobre medicina preventiva A medicina preventiva sob a ótica do Sistema único de Saúde conforme orientação do estudo: Reorganização dos Sistemas de Saúde, conclusão da pesquisa publicada e realizada pela UNASUS - Universidade Aberta dos SUS – Unifesp. Nossas atualizações prosseguem agendadas semanalmente às quintas-feiras
como sempre. Espero que seja útil e que gostem. Até o próximo post!
Reorganização dos sistemas de saúde
Apresentação
Os sistemas de saúde em todo o mundo estão em
constante processo de construção e desenvolvimento, a fim de prover um melhor
estado de saúde para as suas populações. Consequentemente, os sistemas não são
estáticos, pois devem acompanhar as necessidades e mudanças sociais e culturais
que acompanham o desenvolvimento de qualquer sociedade. Entretanto, algumas
questões são comuns a todos eles e perpassam o tempo:
• Como melhorar o acesso ao sistema para todas as
pessoas da comunidade ou país?
• Como
prover ações e atividades de forma integral, equitativa, participativa,
democrática e contextualizada?
• Como trabalhar com recursos financeiros limitados
e ainda prover um sistema de qualidade adequada?
Desde a metade do último século, principalmente,
alguns movimentos e iniciativas vêm discutindo a (re)organização dos sistemas
de saúde internacionalmente. Vamos destacar aqui dois que consideramos
fundamentais, e que têm influência direta no sistema de saúde brasileiro: o
movimento moderno da Promoção da Saúde e a Atenção Primária à Saúde. Antes,
porém, é importante começarmos pela pactuação do que entendemos atenção à
saúde, ou seja, o referencial teórico e político com o qual estamos
trabalhando.
Atenção ou assistência?
Em uma visão ampliada do processo saúde-adoecimento
(PSa), as práticas de saúde devem ir além da assistência à saúde de indivíduos,
ocupando-se também da atenção à saúde. A assistência seria então entendida como
um conjunto de procedimentos clínico-cirúrgicos dirigidos a indivíduos, estejam
eles doentes ou não. A atenção seria um conjunto de atividades intra e
extra-setor saúde (intersetorialidade) que, incluindo também a assistência
individual, não se esgota nela, atingindo grupos populacionais com o objetivo
de manter a condição de saúde, requerendo ações concomitantes sobre todos os
determinantes do PSa (NARVAI, 2008). Partindo dessa perspectiva ampliada de
saúde, podemos entender a atenção à saúde como sendo o campo de competência do
profissional de saúde dentro de um PSa, compreendido como complexo e
multideterminado, reconhecendo-se as limitações importantes do setor de saúde
nesse processo. Também, e com a mesma conotação, a atenção à saúde seria o
objeto de atuação dos serviços de saúde, tantos os de saúde pública, quanto os
de saúde complementar (NARVAI, 2008). Ações da atenção à saúde De modo geral,
deve-se promover ações individuais e ações coletivas dentro de um modelo
ampliado de atenção à saúde. As ações individuais, dentro desse conceito
ampliado, reconhecem os indivíduos como sujeitos, portadores de direitos e
responsabilidades – não mais como objetos de ações coletivas, que antes não reconheciam
as singularidades das pessoas e comunidades (NARVAI, 2008). Essas ações podem
ser preventivas ou terapêuticas, como por exemplo: aplicação de vacina,
restauração dentária, sutura, entre diversas outras. As ações coletivas devem
impactar grupos ou organizações, pressupondo algum tipo de interesse específico
compartilhado, ou ainda a interação entre os participantes. Os exemplos seriam
as atividades educativas em grupo, Destaque Mas, podemos nos perguntar: o que
é, afinal, um sistema de saúde? Segundo a autora Silvia Takeda (2004, p. 78),
um sistema de saúde “é um conjunto articulado de recursos e conhecimentos,
organizado para responder às necessidades de saúde da população” de um local,
município, estado ou país. A mesma autora defende a ideia de que os sistemas
devem ser conformados em redes interligadas, articuladas e integradas de
equipamentos e ações, para gestão e resultados mais efetivos.
Palestras, peças publicitárias em meios de
comunicação de massa, entre outras (NARVAI, 2008). Tanto as ações individuais
quanto as coletivas devem buscar a integralidade, entendida em suas três
dimensões: 1) Vertical, que busca atender a todas as necessidades de saúde do
indivíduo (desde a promoção da saúde até a reabilitação), entendido em toda a
sua complexidade biopsicosocial e espiritual; 2) Horizontal, que busca a
integração de ações e serviços de atenção à saúde ao longo do tempo, para
garantir a condição de saúde das pessoas; 3) Intersetorial, que reconhece os
setores extra-saúde (educação, segurança etc.) como fundamentais para a
promoção da saúde (NARVAI, 2008), como veremos com mais detalhes na seção
específica sobre a promoção da saúde.
Programas de atenção à saúde Os programas de
atenção à saúde definem ações articuladas individuais e coletivas, recursos,
tecnologias e estratégias para o enfrentamento das necessidades de saúde das
pessoas e comunidades. Podem ser voltados a determinadas condições de saúde, ou
a determinados grupos populacionais, ao longo do tempo.
Promoção da saúde
Promoção da saúde e níveis de prevenção A promoção
da saúde foi nominada, pela primeira vez, pelo sanitarista Henry Sigerist, no
início do século XX. Ele elaborou as quatro funções da Medicina: promoção da
saúde, prevenção das doenças, tratamentos dos doentes e reabilitação. Segundo a
sua concepção, a promoção da saúde envolveria ações de educação em saúde e
ações estruturais do Estado para melhorar as condições de vida da população.
Princípios modernos da Atenção e Prevenção em Saúde
Podemos circunscrever, apoiados no trabalho de
Barbara Starfield, uma das mais importantes autoras da área, os princípios
gerais da APS, com base na Declaração de Alma-Ata de 1978 e na evolução do
conceito até os dias de hoje: oferta de ações de atenção à saúde integradas e
acessíveis segundo as necessidades locais, desenvolvidas por equipes
multiprofissionais responsáveis por abordar uma ampla maioria das necessidades
individuais e coletivas em saúde, desenvolvendo uma parceria sustentada com as
pessoas e comunidades (STARFIELD, 1998). A mesma autora resume os princípios da
APS em quatro características ou atributos essenciais (primeiro contato,
integralidade, longitudinalidade e coordenação), mais três derivados
(orientação familiar, comunitária, e competência cultural), conforme descreve o
quadro abaixo:
Conclusão
Podemos concluir, em uma visão ampliada e positiva
de saúde e atenção à saúde que, a rigor, os sistemas de saúde não deveriam se
confundir com sistemas de serviços de saúde, pois os mesmos não seriam
restritos à produção de cuidados setoriais, mas envolveriam, além das ações e
serviços específicos do setor saúde, também as ações intersetoriais (educação,
saneamento, etc.). Dois grandes movimentos internacionais apresentam essa
perspectiva, com grande influência sobre as políticas públicas de saúde no Brasil,
especificamente na construção do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro: o
movimento moderno da promoção da saúde, e o movimento da Atenção Primária à
Saúde.
Fonte: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade02/unidade02.pdf
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